Agostinho da Silva, um dos maiores filósofos portugueses, não dispensava a sesta e por vezes dormia umas boas horas. O que não o impedia de ir para a cama às 11, meia-noite para se levantar cedo. “Ao dormir duas vezes, um dia acaba por parecer durar dois” dizia.
Na última entrevista de Agostinho da Silva, feita por Luís Machado a 9 de Outubro de 1993, poucos meses antes de morrer, o filósofo fala dos seus hábitos de sono:
“A propósito de trabalhar cedo, o Professor Agostinho da Silva ainda continua a levantar-se às quatro da manhã?
Não, agora já não, é às cinco!
Levantar-se bem cedo e fazer a sesta são para si quase rituais diários, não é verdade?
Sim … é um pouco isso. Digamos que são hábitos antigos que me dá prazer manter.
Professor, e a que horas é que se deita? Normalmente, deita-se cedo não?
Nem por isso, nunca me deito antes das onze horas, meia-noite, mas não dispenso a sesta. E se me apetece dormir durante o dia, durmo. Às vezes até estou a ler e adormeço. Não me incomodo nada com isso, desde que o sono seja satisfeito, quero lá saber do resto. Sabe que ao dormir duas vezes, um dia acaba por parecer durar dois…”
In A Última Conversa, Agostinho da Silva, entrevista de Luís Machado, Editorial Notícias, 2001