Almeida Garrett escreve sobre o sono de um cavaleiro no poema “Camões”:
“Mas já no leito o adormecido acorda
Seus mal abertos olhos se descerram
Ao primeiro luzir do sol, que é nado
Neste momento, agora: froixamente
Mas não turbados, derredor os volve
Pelo aposento. Como quem se afirma,
Um e outro dos dois que o acompanham
Fita admirado, e ao modo que procura
Reconhecer feições que há visto algures:
Com vagarosa mão correndo a frente
Uma vez e outra vez, dá parecenças
De querer ajudar o envolto cérebro
A desligar, ideias mal distintas
(…)
Risonho, e com sossego apropriado
A sossego inspirar, lhe disse o monge:
“Bons dias, cavaleiro; em pobre cama
Ricos sonos se dormem – diz o adágio,
E hoje o provastes bem. O sol já nado
Convida a erguer-vos; e este sino, que oiço,
Às preces matinais me chama ao coro (…)”
In Almeida Garrett, Camões, Canto Terceiro